sábado, 10 de setembro de 2011

O Abuso dos Talentos é separar o Remorso do Poder.

Aprendi que nas temporadas existem dois tipos de acampantes: os bons e os problemáticos. Os acampantes bons são aqueles que obedecem e fazem a  semana fluir perfeitamente; os problemáticos parecem vir com a expectativa de fazer tudo aquilo que as regrinhas proíbem. Para evitar riscos e problemas futuros, os monitores seus olhos para estes com o propósito de evitar que “Roma se perca em chamas”. Como instrumento de controle a estes jovens acalourados pelos sentimentos não cabe outra saída senão a correção e é através do vigor da penalidade (pode chegar à expulsão de alguns) que a equipe mantém o controle. Dessa maneira a semana flui bem e todos aproveitam. Esse é o espírito de uma boa equipe. Pensei dessa maneira por algum tempo, até que ouvi uma frase impactante: “você está revestido de um espírito farisianico!” A partir dessa frase chocante refleti e este texto não passa de uma nova interpretação sobre o que pensava. Gostaria de compartilhar com você.

De fato o cenário não é tão diferente daquele vivido por Jesus.  Coxos, prostitutas, estrangeiros  e toda sorte de pessoas que traziam mais problema que solução estavam destinados à punição para que o povo judeu convivesse em harmonia sua santidade e tradição. A única coisa que realmente muda é que o povo judeu não era chamado de  “acampantes bons” nem o resto da sociedade infiel chamada de  “acampantes maus”. Mas a punição àqueles mais fragilizados continua o mesma. 

É mais conveniente ao monitor punir e expulsar do que buscar transformar esses acampantes-problema através de ensino e exemplos na mesma proporção que seria mais fácil a Cristo trazer doze legiões de anjos para se vingar do povo que lhe crucificava. Como se aqueles “acampantes bons” fossem perfeitos e destinados ao céus, focava erroneamente a punição aos “outros” para que não atrapalhassem o caminho daqueles que mereciam. Nesse contexto “santo” não apenas punia sem pensar na salvação desses “outros”, transformava o acampamento em uma bolha de isolamento para crentes e incentivava aqueles que não estavam no meu padrão de “aceitável” a se afastar do Acampamento.

De acordo com meus antigos pensamentos, Jesus não teria espaço para ser diretor dessa semana, pois estaria mais preocupado em salvar aqueles que seriam os “maus” do que em preservar quem pretensamente acha que está certo. Acredito que nessa temporada Ele optaria por penar do que usar de sua força um instrumento de vingança. Saber controlar o peso do poder que existe em minhas mãos exige sabedoria e auto-controle para saber administrar os talentos entregues e que um serão cobrados de volta. Sem essa autoridade de Jesus a correção se torna violência, vingança, vício; e quando pecava no modo como punia não pecava na mesma proporção que aqueles acampantes que antes pareciam ser o problema?   Ao final, percebo que era eu quem deveria ter sido penalizado. 

Escrito por Ailton de Toledo Rodrigues
Publicado no jornal da congregação, o Leme.

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